Sim, vamos de férias em agosto (porque gostamos de sofrer juntos)

Todos os anos, tão pontuais quanto o zumbido do mosquito no ouvido às 3 da manhã, chegam: as férias de agosto. Uma tradição tipicamente italiana, quase um ritual coletivo que une o país inteiro em uma única, caótica e sensual migração em massa.

Claro, poderíamos partir em junho, quando as praias estão vazias, os preços são razoáveis e os restaurantes ainda nos recebem com um sorriso sincero. Ou em setembro, quando a água do mar atinge a temperatura perfeita e as crianças gritam de volta à escola. Mas não. Escolhemos agosto.

Por quê? Porque agosto é um ato de fé. É a prova definitiva de que, apesar de tudo, ainda acreditamos em algo: no direito de suar na fila da A1, no prazer de comer uma caprese de € 18 com vista para o estacionamento, na euforia de procurar vaga para estacionar por horas sob o sol escaldante, com o ar-condicionado falhando após a segunda volta no quarteirão.

Agosto também é o mês da grande democracia praiana: todos na praia, todos aconchegados, todos usando a mesma toalha da IKEA. A pessoa debaixo do guarda-sol ao seu lado se torna parte da sua família. Vocês compartilham areia, conversas forçadas e, às vezes, até protetor solar ("Com licença, você está sem o meu, pode me dar um pouco do seu 50+?").

E então temos as redes sociais. Ah, as redes sociais! Agosto é o mês perfeito para alimentar a guerra psicológica das histórias: quem tem a areia mais branca, o pôr do sol mais rosa, o coquetel mais improvável. E você, suando em uma pousada familiar com ar-condicionado de 1987, sorri. Porque... eles também estão sofrendo.

Mas a verdade é que em agosto você não tira férias para relaxar. Você tira férias para dizer que tirou férias. Porque quando voltarmos em setembro, precisamos daquela história épica: "Ei, estava tudo lotado, mas conseguimos encontrar esse lugarzinho fofo... 45 metros quadrados para seis pessoas, mas com uma vista espetacular (do posto de gasolina, mas isso é um detalhe)."

Então, sim, vamos de férias em agosto. Com nossas sandálias térmicas, o porta-malas cheio de esperança e a certeza de que teremos um descanso de verdade em dezembro!